sexta-feira, 22 de abril de 2011

Um sem fazer procurando algo


E no final de toda aquela confusão o rapaz prova sua inocência, sai da prisão e ainda consegue salva a vida de sua família da máfia italiana. Foi assim que terminou o terceiro filme naquele primeiro dia do feriadão da semana santa. Já cansado de filmes, ir procurar outra coisa pra fazer, é óbvio que séria mais interessante. Depois de levantar e dá uma olhada na rua para confirmar o nada, volto ao quarto, pego o computador, entro na internet, MSN, facebook, twitter e encontro uma coisa que vi e previa para o feriadão: nada.

A TV continua ligada, de plantão, caso passe algo interessante pra roubar meu tempo. Já ouviu falar em roubo produtivo? Pois é, eu tinha esperanças que a TV fizesse isso comigo.

É, muita coisa ou nada estaria por vim nestes próximos quatro dias. O interessante é que antes do tédio chegar, a expectativa era outra. Sair com amigos, jogar bola e fazer outras coisas para tirar a sobrecarga daquela semana carregada de trabalho e agonia – devido a maldita demora deste maldito feriado. Mas não sou o único que está deste jeito. Outras pessoas devem estar. Num é?

Bem... Só nesse pequeno tempo de conversa, olho para o relógio e... Não acredito... só passaram 30 minutos?! Não verei outro filme porque só loquei 6, e como uma pessoa inteligente quero guardar para os próximos 3 dias. É difícil administrar nosso tempo quando não se tem nada para fazer! Já pensou nisso?

Dormir bastante, procurar qualquer coisa gostosa para comer (e bem devagar...) ou ficar andando pela casa olhando para todos os cantos – como um idiota – esperando surgir algo. Tudo isso é função de um desocupado inteligente. Escrever no computador, ler qualquer publicação na internet também vale.

Tá vou admitir. Isso tudo é uma ajuda que eu faço a mim e a vocês. O porquê disso? Simples. Eu queria que o tempo passasse. O começo, do texto foi interessante. Depois... não tinha mais nada pra escrever.

E...agora...isso só está servindo para expressar o que estou sentindo – e vocês também - neste primeiro dia de feriado. Agora o que eu vou fazer? Não sei. Talvez quebrar o vidro da janela e limpar, ou algo parecido. Tudo isso só pra me ocupar. Ah...mais tarde vou assistir um filme. É só.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Estava tudo escrito

No dia 10 de fevereiro do ano de 2003, estava começando mais um ano letivo. Sem aquela ambição de ser o melhor ou aquela pessoa que só pensa em si, a minha única missão era passar da mais nova e misteriosa oitava série. Já era meu terceiro ano naquele colégio, conhecia a maioria dos alunos. Como todo primeiro dia de aula, a curiosidade de nós, veteranos, é conhecer os novatos.
Acaba sendo um dia diferente, até mais especial que a despedida temporária das aulas e o inicio das férias de verão. A disposição para acordar é outra, o café da manhã pode ser considerado o mais demorado do ano, a caminhada para chegar naquele prédio (azul de primeiro andar) é massacrante e ansiosa.
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Era a sala com o maior número de pessoas, até ano passado tinha um total de trinta e oito. Entrei acompanhado de alguns amigos conversando o mesmo dos últimos primeiros dias de aula: as novas garotas.
Outra coisa que deixa a volta às aulas mais especial é saber que a primeira semana de aula não existe. Para os professores eram cinco dias para pegar entrosamento com as turmas e ritmo de trabalho. Diferente de nós meninos que consideramos dias para conhecer e mapear o colégio.
Ao entrar na sala, ouço os zumbidos dos antigos alunos e percebo o silêncio dos novos. Caminhado para meu lugar de sempre, na quinta cadeira do lado esquerdo, observo cada rosto novo. Isso com muito cuidado para eles não perceberem. Ainda sem professor, sentei e iniciamos uma nova conversa com meus amigos Fernando e Hugo, agora o assunto era futebol.
Fernando: - Agora o meu fogão vai com a maior humildade de sempre em busca desse carioca.
Eu e Hugo, rubro-negros de coração, demos a maior gargalhada na sala.
Hugo: - Tá, tá, tá. Todo ano sempre é a mesma frase. E resultado que é bom nada.
No decorrer da conversa, eu sentia alguma coisa me chamando atenção para a cadeira que estava atrás da minha. Acompanhei de longe a conversa dos meus dois amigos. Estava mais me questionando o porquê de está meio estranho. Então, só fui ter certeza desse sentimento quando a pessoas que estava sentada atrás de mim – que só escutava o que falávamos - se meteu na conversa.
A pessoa: - Nossa! Campeonato carioca! Arghhh... Não tem coisa melhor pra falar? Vamos falar do São Paulo.
A apesar da bela voz, ficamos meio que impressionados. Vejam bem, uma menina bonita se metendo em uma conversa de três meninos que ela nem conhecia. Nossa reação foi simples. Rir.
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Meu nome é Marcos e depois daquele dia algumas coisas mudaram e outras estavam por vim. O nome dela é Samara. Ela veio de uma cidade do interior do estado do Ceará. Uma palavra para descreve - la? Linda. Pele branca cabelos pretos que batiam um pouco abaixo do ombro, o tamanho, era o mesmo do meu – aproximadamente 1,50cm. O que mais chamava a atenção nela era o sotaque. Um chiado gostoso de ouvir.
Uma coisa que é certeza pra mim, para conquistar grandes amizades, o começo precisa ser duvidoso, desconfiado. Foi assim que fiquei. Pensei que ia ser coisa de momento, apenas uma introdução de amizade. Suspeitei que nossas conversas ia durar até ela conhecer pessoas que se identificassem mais com ela. Depois vi que me enganei. Claro que não só tinha eu, Fernando e Hugo de amigos. Era preciso outro tipo de amigos, melhor dizendo, meninas.
Falando em garotas, as meninas mais bonitas daquele colégio estudavam comigo. Coisa boa né? Agora...sabe o lado ruim? Nós competíamos com os meninos mais velhos. Pura desvantagem.
Um dia quando cheguei colégio e vi alguns meninos do 2º e 3º ano conversando com ela e mais outras meninas – todas da oitava série. Como sempre fui detalhista, observei a expressão de cada uma. Era incrível como todas estavam hipnotizadas, acho que pensavam “menino mais velho, os mais cobiçados do colégio e do bairro, com toda certeza vou aprender mais aqui”.
Rapidamente após a minha analise bastante pessoal, fui em direção a sala, mas não pude deixar de olhar. Impressionei-me com o que vi, Samara era a única menina dali que olhava pra mim e me acenava com mão. Neste momento percebi que senti ciúme por uma menina que me dava um pouco de valor.
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O último dia de aula é com uma retrospectiva de todo o ano. Lembro que quando terminava a aula e saíamos do colégio, eu, Hugo e Fernando sempre iamos com ela até o bairro do Eldorado, que ficava próximo do apartamento dela. Foram incontáveis as vezes que fizemos isso.
Com alguns meses de aulas, brincadeiras e de muitas provas, selamos (pelo menos eu) até o fim daquele ano de 2003, um sentimento de sinceridade e fidelidade. Foi um período de muita alegria por está ao lado dela, tristeza por não tirar nenhuma iniciativa e quando tirar (por pressão de um amigo) leva um não. Mas feliz por conhecer essa pessoa. Não sabia se iria revê – lá, pois nunca tive costume de fazer amizades com meninas e marcar pra sair com elas – ainda mais quando vi que ela não jogava muito bem bola. Meu 1º ano seria em outro lugar e o dela não lembro se perguntei. Com o fim das aulas ela desapareceu, mas seu rosto nunca falhou na minha memória.
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Nos meus três últimos anos de colégio falei com ela algumas vezes pela internet, peguei até uma foto. Acho que na quarta vez que conversamos, ela me deu a notícia de sua gravidez aos 16 anos. Fiquei perturbado, mas sempre a considerando como a melhor amiga que já tive, e é óbvio que isso não iria mudar nada. Depois desse dia, não me lembro outro que nos falamos.
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Aos meus 30 anos já me considero responsável o suficiente para minha idade. Tenho trabalho, faço faculdade e já conquistei algumas metas na vida. Garanto que sou uma pessoa que só escolho o que é melhor para mim.
Se passaram 16 rápidos anos e estou aqui, um pouco mais alto, menos fraco fisicamente e com barba. Acho que as mudanças foram mínimas. Depois de um pouco mais de meia década reencontrei aquela menina, a Samara. Acompanhada dela estava Julia, sua filha que só cheguei a conhecer com seus 4 anos de vida. Pele branca, cabelos curtos e lisos, simpática e cheia de cicatrizes nos joelhos – idênticas a da mãe. Ah! também esqueci de falar que é linda como a mãe.
Outro dia estava escutando uma música, e um verso dela me chamou a atenção: “O mundo dá voltas, não posso mais parar, é só correr atrás. Nem tudo mudou”. Pois é, mesmo naquele ano, sabendo que ela ia sair da minha vida não parei pra nada, continuei andando, mas nem tudo mudou, não deixei de gostar dela. Foram voltas e voltas tanto na minha vida como na dela.
Por fim estamos juntos, e vamos casar. A última coisa no mundo que eu poderia imaginar era isso. Isso depois de muitos problemas que tive que enfrentar antes de namorar. A única coisa que podemos fazer é viver e nada mais que isso. Mas uma coisa eu sinto e posso falar só por mim: Ela se transformou em uma cicatriz com uma dor gostosa na minha vida. E é só.