domingo, 16 de maio de 2010

Uma tentativa de assalto produtiva

Contarei agora um fato em que sou um dos principais personagens. Depois do ocorrido, cheguei a ficar alguns minutos dentro do ônibus e horas em casa, em momentos de pura reflexão, que me dava sentimentos de pena e ódio ao mesmo tempo. Era uma sexta-feira, e eu estava no mesmo local e na mesma hora de todas segundas às sextas. O lugar era o histórico Bairro de Jaraguá. A linha de ônibus, Cruz das Almas, passava todas as doze e meia em ponto, o máximo que eu poderia esperar era um atraso de 5 minutos.

Sabendo que nesse horário o sol estava fervendo, sempre ia para o ponto 10 minutos antes que meu transporte passasse. Ao entrar no ônibus, a primeira coisa que faço é observar cautelosamente o rosto de cada pessoa que se encontra (creio que esse ato, pode ser ignorância de minha parte, em julgar as pessoas pela aparência, mas não tem jeito, isso sempre acontece). O coletivo estava como todos os dias – com poucas pessoas.

Paguei a passagem, fui andando, olhando, olho no olho de todos (até que encontrasse alguém que me passasse tranquilidade na curta viagem de cinquenta minutos para casa). Depois do julgamento, repousei ao lado de uma senhora de aparência humilde. Retirei do meu bolso, o meu fiel e companheiro de todos os momentos de espera, o MP3 Player.

Parando no ponto que fica em frente à Praça Lions, percebi que um garoto subiu pela porta traseira. Olhando para ele, deveria ter no máximo 17 anos. Sentou na cadeira a minha esquerda – do outro lado do corredor. Ele aproveitou que o ônibus estava mais vazio que antes, fitou-me de maneira descarada, sem piscar os olhos. Percebi, mas não virei o rosto e aumentei o volume da música. Vendo que não conseguia chamar atenção, passou para a cadeira que ficava a minha frente e voltou-se para mim.

Começou a falar, mas de princípio não consegui ler os lábios. Tirei os fones do ouvido e perguntei:

– O que foi?

– Bicho, desenrole um real aí.

– Não tenho.

– Mermão não tou querendo me estressar. Me dê logo essa porra, se não vou meter logo uma faca no teu bucho.

Olhei para a traseira do ônibus para ver se tinha alguém que fosse suspeito de ser comparsa dele, mas não vi. Mesmo sabendo que ele poderia ter alguma arma, vi que não passava de um garoto. Peguei coragem e falei grosseiramente:

– Não vou te dar nada. – E tapei um lado do ouvido com um fone do MP3.

Ele ficou calado só me encarando. Percebi que a senhora que estava do meu lado direito, olhava assustada para mim. Acho que dessa vez ela mudou um pouco seu conceito que parecia que tinha sobre mim – de um jovem calmo demais.

Quando o veículo da empresa Massayó chegou à orla da cidade e se aproximava de mais uma parada, o menino (ainda me olhando) levantou. No seu caminhar, ao fica de lado comigo, levantou o braço bruscamente como se fosse me dá um murro. Ao mesmo tempo tirei o MP3 do ouvido e quando ia levantando da cadeira, a senhora segurou meu braço. Foi o tempo suficiente de o garoto descer o ônibus correndo. No mesmo momento que ela me segurou, os nervos esfriaram. Ela falou:

– Meu filho, pra que contribuir com a violência? Você num já está vendo demais? O garoto não tem culpa. Isso é só mais um problema de vários no mundo. Você levantar e bater nele não vai adiantar. Ou vai?

Sem palavras e tremendo um pouco. Fiquei calado. Como sempre fui com quem não conheço, assenti, e deixei pensarem que eu estava relaxado. Mas a verdade é que fiquei pensando. Se eu fosse “agir por impulso”, iria resolver algo? Acho que não. E se eu relevasse todo aquele ato brutal (do garoto) e desse o que ele quisesse iria resolver algo? Também acho que não. Então o que fazer?

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A FESTA

Foi através daquele pequeno papel cor de gelo, que vinha um desenho de um anjo de mãos dadas com uma garota caminhando pelo colorido jardim, que li no final do texto: “Sua presença é muito importante para mim”. A letra, muito bem desenhada, belas curvas e contornos (feito varias vezes por cima da letra), parecia que foi escrita com o maior carinho do mundo. Ainda no final da mensagem, percebi que no cantinho direito do convite, tinha um coração pintado de laranja – não sei se foi coincidência, mas era minha cor preferida.

Naquele 7 de junho, acordei diferente. Levantei da cama e fui direto ao espelho. Observei-me, e nem parecia que tinha dormido. O rosto inchado – que denunciava as minhas horas de sono profundo - dos últimos dias não dava para perceber, o meu cabelo, incrivelmente estava bem penteado, apesar de estar grande, nenhum fio para fora de seus contornos consegui notar.

Abri o guarda-roupa cor de vinho, e já até imaginava qual seria a roupa que ia usar. Em dez minutos consegui deixa o chão do meu quarto, completamente colorido, com vermelho, azul, preto, branco e algumas roupas laranja, o piso cinza já tinha desaparecido. A cor do boné era preto com branco, sua aba era curvada e as letras iniciais da marca centralizada a cima de minha testa. Com a camisa branca com listras pretas, e uma calça jeans esverdeada, eu estava saindo de casa.

Apesar da impressão, aquela segunda-feira não era diferente para muitos. Com toda certeza, era o primeiro dia de trabalho da semana, e com um sol muito forte como toda segunda. Cheguei em frente a casa. Coloquei a mão no bolso, e tirei um papelzinho amarrotado, aquele que tinha recebido com um desenho de um anjo. Novamente, desta vez, olhei para ele e confirmei o endereço no pequeno mapa. Era uma rua calçada, a única do bairro, Cada esquina se destacava pelos grandes coqueiros. E naquela casa, crianças brincavam correndo uma atrás da outra, som alto, balões coloridos pregados as paredes mostravam que ali era local.

Entrei fui logo sentando. As pessoas da festa não paravam de olhar para mim. A minha frente, um senhor de barriga grande e bigode – que mais parecia o do comentarista esportivo da Globo, Junior ex-jogador do flamengo dos anos 80 - totalmente descontraído era o único quem nem sequer olhou. Estava muito ocupado para isso. Seus gestos exagerados com as mãos, mais parecia que estava contando uma história. Ele estava na companhia de mais sete pessoas na mesa que riam e riam – deviam está rindo mais pela encenação, do que de fato o conteúdo que tentava passar.

Virei a cabeça para o lado esquerdo, próximo a porta da casa, e vi a principal atração da festa, a principal responsável por eu estar ali. Olhei para ela e ela fitou-me. Tinha um vestido longo, preto brilhante (dourado), seu cabelo cor de mel, batendo a altura dos ombros e aquele óculos transparentes davam ainda mais charme para ela. Estava vindo em minha direção, olhando para o restante dos convidados e fazendo um pequeno balançar com a cabeça. Desviei o olhar para o meu lado direito, percebi que até as crianças tinham parado de brincar de pega-pega e de chutar a bola ao muro. As cabeças de todos da festa se voltaram para aquela menina e lentamente seguiam seus passos, com um leve movimento (uma partida de tênis em câmera lenta era uma descrição ideal para o momento). Até aquele senhor do grande bigode parou e olhou.

Levantei-me, cumprimentei-a, com um beijo em cada bochecha. Ela sentou ao meu lado. Dois minutos depois a festa volta ao normal (como se o tempo voltasse a contar). As crianças voltaram a correr, e os mais ou menos 60 convidados cada um em sua mesa voltaram a beber e pegar os salgadinhos com os vários palitos que já vinham espetados neles. Consegui observar tudo isso em pequenos segundos. Voltei-me a ela, olhei para seus lábios, e consegui decifrar seus movimentos melhor do que ouvi a sua voz. – Que bom que você veio!

sexta-feira, 19 de março de 2010

ECOVIA: UM BEM OU UM MAL?

O início do tão falando e esperado desenvolvimento socioeconômico da região litorânea do norte da capital já pode ser discutido entre os maceioenses. Uma nova opção para a população da parte alta da cidade e litorânea foi anunciada no começo deste mês. No dia 2 de março, a Prefeitura de Maceió decretou no Diário Oficial Municipal (DOM) a implementação da Ecovia Norte.

O projeto do novo corredor de transporte é extenso. Com seis quilômetros, a via irá ligar a parte alta da cidade com o bairro de Guaxuma, facilitando o deslocamento e desafogando o trânsito em grandes avenidas que hoje estão saturadas, – como a Via Expressa e a Avenida Fernandes Lima – deixando mais fluente e menos estressante dirigir por Maceió.

O nome Ecovia foi dado pelo fato da obra ser realizada em uma região pouco habitada e bastante verde. A obra está orçada em R$ 24 milhões – sendo R$ 22 milhões em recursos federais -, e uma contrapartida de dois milhões da prefeitura. Além da via principal, haverá uma interligação de quatro corredores secundários: Benedito Bentes – Antares; Benedito Bentes – Conjunto José Tenório; Jacarecica - São Jorge e Benedito Bentes – Riacho Doce.



O secretário de Planejamento do município, Márzio Delmoni, afirma que esses investimentos sempre dão algo mais para a cidade. “O projeto irá beneficiar a população como um todo, terão mais uma opção de deslocamento. É o cumprimento de um Plano Diretor que temos seguido desde 2005. O local onde será executada a obra, sempre foi visto como o ápice do crescimento da área de Guaxuma, e consequentemente será valorizado, desta forma, vários empreendimentos deverão acontecer junto com o crescimento do turismo”, diz o secretário.

PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL

Mas, para quem pensa que ações como essa só vão trazer benefícios, está enganado. Toda obra feita, mesmo que bem planejada, sempre irá provocar prejuízos ambientais – por mínimos que sejam. Independente da importância que a melhoria tenha para a população, os possíveis malefícios podem ficar ainda maiores a longo prazo se não for feito um trabalho completo.

Com a urbanização da área, prejuízos ambientais são inevitáveis. O ambientalista e ainda morador do bairro de Guaxuma, Anivaldo Miranda, alerta para os problemas futuros que podem acontecer, tudo isso devido aos interesses políticos e econômicos (imobiliários). “É preciso realizar um estudo extremamente criterioso antes de fazer uma ocupação massiva. É óbvio que uma via dessa vai facilitar a vida de muita gente, como por exemplo, diminuir o gasto de combustível e economizar tempo das pessoas, inclusive o meu. Mas não se pode esquecer que um dos interesses pela obra é a chamada busca pelo ‘ouro imobiliário’, um dos pilares que movimentam nossa economia”, alerta o ambientalista.

Segundo Anivaldo, o turismo também pode ser prejudicado com isso, pois ninguém vem a Maceió para ver pistas construídas, e sim belezas naturais, como o acervo dos coqueirais que certamente serão devastados para chegada de novos conjuntos, prédios, grandes empresas e outras vias.

Ele ainda reclama do modo de análise para obter o licenciamento da obra. “O processo licitatório para liberar a obra é meio incoerente, ou seja, é o próprio município (através da Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente - Sempma) que realiza o processo para a mesma instituição. Desta forma, nunca vão existir problemas ambientais para impedir a execução das obras. E depois que a obra for feita, ninguém saberá se realmente aquele trabalho poderia ser feito ou não”, analisa Anivaldo.

Para poder ter a licença da obra, a Sempma teve que realizar audiências com a população para democratizar o projeto. Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Ricardo Ramalho, o relatório de análise foi concluído e nenhuma possibilidade de grandes riscos ambientais foi encontrada. Ele ainda explica que o planejamento da Ecovia tem preocupação ambiental sim. “A vegetação do local é bem popular (contendo segundo ele, somente pastagem e cana de açúcar) e não sofre de problema de extinção. Fizemos audiências com técnicos e pessoas da população para explicar a mudança e tentar implantar alterações. Há um respeito ambiental muito grande da secretaria. O projeto também vai conter paisagismo, como canteiros centrais ajardinados, arborização do entorno, calçadas verdes e uma série de ideias que não implicam em aumento de custos econômicos”. Um ponto a se levar em consideração, é que não houve uma divulgação conjunta da mídia, e muitas pessoas não se lembram das audiências públicas citadas pelo secretário.

“Todos esses cuidados objetivam proporcionar conforto aos usuários, traduzido nos aspectos mais diversos, inclusive, naqueles mais diretamente relacionados ao meio ambiente como poluição visual, temperatura, sensação térmica, ar puro, contemplação”, conclui Ricardo Ramalho.

EMPREENDEDORISMO EQUILIBRADO

A área do litoral norte sempre foi bem vista pelo setor imobiliário. Com a notícia da construção da Ecovia, a procura para novos empreendimentos deve começar a aparecer com frequência. É só uma questão de tempo. A iniciativa agradou boa parte dos empresários do setor. Eles comemoram que graças ao Plano Diretor, novos interesses começarão a surgir, ampliando a área de expansão imobiliária de Maceió.

O presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi-Al) e empresário, Jubson Uchôa, admite que novas expectativas para investimentos deverão aparecer, mas atualmente o setor prefere esperar mais um pouco, até a obra ser concluída, pois pretende estudar meios de como utilizar o espaço sem afetar tanto o meio ambiente. “Foi uma boa notícia, a parte norte litorânea é um local que tende a crescer, mas devido a infraestrutura do local, como é uma área muito verde esperamos mais facilidades de instalar novos empreendimentos. As áreas de Pajuçara, Ponta Verde e Jatiúca, estão ficando saturadas e temos que encontrar novos locais”, comemorou, cautelosamente, o empresário.

Perguntado sobre as preocupações ambientais que a associação tem, Uchôa demostrou equilíbrio. “Claro que temos preocupação. Nenhum cliente gostaria de se alojar em um local onde não tem beleza natural. Maceió precisa se destacar por isso. Mas também tem as questões de nos preocuparmos com o bem ecológico. Então é necessário ter equilíbrio e senso entre os dois lados: existe a preocupação com o a construção e com o cliente”, explica o presidente da Ademi.

O INÍCO DA OBRA

Os trabalhos ainda não foram iniciados, para isso, os projetos estão sendo analisados na Caixa Econômica Federal (CEF). A expectativa para começar, é assim que a Caixa liberar a os recursos. O secretário de Planejamento, Márzio Delmoni, espera que essa liberação aconteça ainda no final deste mês de março, para que a ordem de serviço aconteça no início de abril, juntamente com as obras.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Campeonato Alagoano volta a motivar ida de torcedores aos estádios

Adrenalina, emoção, vibração e tudo mais que um torcedor pode querer em um campeonato de suas raízes. Essas são apenas algumas palavras para definir o que está acontecendo – tanto por parte dos torcedores e principalmente dos times - no futebol alagoano de 2010. Mas esses sentimentos só podem ser compreendidos, indo, vibrando e jogando junto com time do coração. Mostrando que a cada bola alçada na área, cada falta recebida, cada inicio de segundo tempo, os milhares de torcedores se juntam com os onze que estão em campo para mais uma vitória.



É um campeonato que há tempo muitos alagoanos não viam e outros estão vendo pela primeira vez. A última rodada definiu o fim do primeiro turno, o campeão foi o Clube de Regatas Brasil (CRB), que só ganhou devido ao saldo de gols – e não ganha o campeonato desde o ano de 2002. O espetáculo acontece graças ao alto nível e, consequentemente, a grande disputa entre CRB, Murici, ASA e Coruripe.

Com os mesmos 20 pontos do CRB, e perdendo a liderança pelo saldo, o Murici segue em segundo colocado, seguido pelo ASA e Coruripe, fechando o G-4. A tradicional equipe do Corinthians-AL foi surpreendida pelos times interioranos, mas mesmo assim continua brigando por uma vaga no grupo de elite. O União segue na última posição com seis pontos.

Outro ponto positivo no campeonato, é que não houve empate sem gols. A média de gols é destaque no campeonato, com 3 bolas na rede por jogo. O inicio do segundo turno (décima rodada) começa neste domingo (28), com os jogos: Coruripe x CRB; Ipanema x Santa Rita, no estádio Olival Elias, em Santana do Ipanema; Corinthians-AL x Penedense, no Nelson Peixoto Feijó; ASA x Murici, no Juca Sampaio, em Palmeira dos Índios e União x CSE, no Orlando Gomes.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Perspectivas para uma nova era na educação

No início deste ano o secretário estadual de educação, Rogério Teófilo, divulgou que cerca de 35% dos professores da rede estadual de ensino irão se aposentar. O estado tem aproximadamente 9.500 professores, e deste total, 3.117 deverão encerrar suas atividades como servidores da educação pelo estado.

Para tentar suprir essa carência que sempre existiu, e ainda, reforçada por essas aposentadorias, o estado vai contratar 1,3 mil monitores dos sete mil que foram aprovados no concurso feito em novembro de 2009. Esses contratados irão trabalhar por período determinado.

A preocupação dos gestores da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte de Alagoas (Seed) é com o envelhecimento da rede estadual de ensino, pois o tempo passa, e não são feitos concursos, a única coisa que eles estão fazendo são contratações temporárias. A explicação para a não realização de seleções definitivas, é que nesse ano de 2010 a lei de responsabilidade fiscal – que estabelece normas de prevenção de desvios capazes de afetar as finanças públicas, mostrando transparência nos gastos públicos – impede totalmente as chances de concursos nesse ano, tudo isso, devido crise financeira passada pelo governo do estado.

A unificação das redes de ensino municipal e estadual, feita nesse ano, serviu também para tentar resolver este problema. Mesmo chegando atrasada, esse processo irá ajudar a beneficiar a renovação desses profissionais e padronizar o ensino em Maceió. O problema é que já está havendo muitas confusões na hora das matrículas. As escolas estão recebendo mais alunos do que o esperado, e estão ficando super lotadas, deixando muitas famílias preocupadas com onde seus filhos irão estudar.

A solução das duas secretarias de educação é disponibilizar o transporte integrado para levar-los para escola. Mas os pais não estão aceitando, devido as muitas crianças não terem idade suficiente para estudar tão longe de casa.

A tentativa de resolver um problema acaba gerando outro. Mas a iniciativa da fusão da rede de ensino foi muito boa – embora tenha demorado -, mas para que a tempestade se acalme é só questão de tempo, de costume.

Cabe agora os gestores (municipais e estaduais) terem harmonia nesse trabalho, que esperamos que seja contínuo e eterno. Terão mais tempo e espaço para resolver problemas como reestruturação de professores, locais para construções de mais escolas, locações de prédios e o mais importante, prepararem seus profissionais conjuntamente para um melhor ensino ao povo maceioense e todos os alagoanos.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Nosso ciclo...destino...impossível de correr




Abre-se uma luz ao final do comprido túnel de escuridão que nem sei o que é. No local dessa forte claridade, vejo algo esquisito... Algo parecido com uma tarântula, sei lá... - Ahh!! Se eu conseguisse abrir meus olhos por inteiro, com toda certeza eu iria saber o que era. Segundos depois aquela coisa que eu mal conseguia enxergar toca meu corpo, me arrasta para fora do vazio escuro que até esse momento nunca tinha saído.

- Bem... Agora posso enxergar melhor. Ainda muito embaçado, percebo que há outros de mim, e por sinal, alegres. Mas por que isso? Toda essa celebração por mim? O que eu fiz? Afinal eu não fiz nada, fizeram por mim.

Passei vários anos da minha vida com pessoas que aprendi a chamá-los de mainha e painho. Eles me ensinaram coisas como, por exemplo, não ser uma pessoa ruim, ajudar a quem precisa, e outras coisas que eles nomeavam o que é o certo e o errado, o que vai ser bom e ruim para mim. Aprendi o suficiente.

Hoje não interessa minha idade, se sou novo, velho, mas, dias atrás, essas duas pessoas foram embora para longe. Foi como se o ciclo deles aqui nesse local tivesse chegado ao fim. Dá um vazio. No começo, me senti desprotegido. Mas se aprendi tanta coisa com eles, porque será que estou tão triste assim?

Pode ter uma explicação para isso. Várias vezes minha mãe dizia que me amava. Certa vez parei, pensei um pouco nas palavras dela, fui ao dicionário e procurei o significado da palavra amor. “Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro ser ou a uma coisa; devoção extrema” foi isso que encontrei.

- Poxa! O dicionário não me disse muita coisa, mas depois que ela se foi, aprendi muito mais. Voltei no tempo, lembrando em câmera lenta, em flashes, todos os momentos, bons e ruis que passei, e sempre, painho e mainha estavam ao meu lado. Às vezes me pergunto, afinal se um dia eu também vou morrer, para que eles perderam seu tempo me ensinando tudo isso? Foi em vão?

Acho que não. O que eles tentaram me ensinar, foi exatamente saber viver. Para que em seguida, nos momentos de dificuldades, eu soubesse – graças a eles – contornar. Será que preciso ficar triste por saber que eles se foram? Por um lado sim, a saudade é cruel né? Mas devo agradecer a eles por me prepararem para essa primeira fase da vida, ensinando-me a tomar decisões. E daí em diante meu destino para outro ciclo me espera.